quarta-feira, 15 de junho de 2016

Administração de conflitos: um mecanismo só do Estado?



Nos momentos de incertezas, as pessoas tendem a acreditar no que convém, não necessariamente na verdade. Aparências são poderosas.

E a verdade é que as pessoas em algum ponto se questionam de que maneira podem ser realmente livres e felizes, protagonistas de suas vidas e por que não líderes em determinados aspectos.

O clássico livro "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel, continua tão atual quanto à época em que foi escrito. Os insights de um livro escrito em 1513 estão atualizados ainda hoje, porque a existência de conflitos sempre se fez presente em qualquer tempo e relação, inclusive entre o Estado e seus súditos.

Além do conhecido "os fins justificam os meios", o livro traz uma reflexão das dificuldades do príncipe com suas tropas, enfatizando a importância da guerra para o desenvolvimento do espírito, que une o cidadão e o Estado, tornando-os fortes. Nos ensina também que o governante precisa ter versatilidade no modo de ser e pensar, a fim de que se adapte às circunstâncias e como deve agir para obter maior confiança e estima de seus governados.

O pensador destaca que, mesmo em uma conjuntura de incitar o brilho do poder ao príncipe, há a preocupação com o outro para se tornar o melhor líder possível. E nos dias atuais, como em qualquer período, precisamos de líderes que estejam preocupados com o outro e não somente com que tipo de vantagens irão obter ou que participem de momentos históricos somente "pelos seus filhos, filhas e esposo(a)s.."

Dentre tantos ensinamentos, em que só destacamos alguns, o livro nos doutrina a não fazermos coisas pela metade. E como podemos aplicar isso ao mundo dos conflitos?

Uma vez que o conflito se instaura, precisamos estar atentos para percebê-lo, após, encará-lo e finalizá-lo, não deixando o problema pela metade, inacabado. Assim, quando o assunto é resolução de conflito, os fins só podem justificar os meios se ambos estiverem comprometidos com o bem-estar da relação.

Na instabilidade do nosso universo, em que somos tomados de informações por todos os lados e devemos lidar com todo tipo de situação o tempo todo, além de parar e refletir sobre nossos conflitos, precisamos zerar o embate que foi estabelecido e cooperar pelo empate, onde se terá o almejado ganha-ganha.

E por que temos que ganhar sozinhos? Será que a medida da corrupção dos "príncipes da democracia" é maior do que corromper a nossa própria relação com quem quer que seja?

A compreensão do método de ganhos mútuos é lógica, pois é a opção que realmente satisfaz os sujeitos do conflito sem necessariamente fazer concessões, que prepara nosso pensamento para a cooperação e a colaboração, identificando interesses compartilhados e harmonizando os discrepantes, cientes das preferências de cada um, diferentemente do modelo judicial que o Estado nos propicia, onde um terceiro (o juiz) detém o poder de definir um caminho para o conflito sem necessariamente dissipá-lo.

Desse modo, continuando a abordagem sobre príncipes, por que não falar de uma das obras literárias mais traduzida do mundo, "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupér e seu desenho da jiboia que não foi interpretado devidamente por adultos, que achavam se tratar de um chapéu.

Diante do conflito, isso também ocorre. Na maioria das vezes não nos colocamos no lugar do outro, muito menos enxergamos a situação com os olhos do outro, o que nos impede de considerar sua opinião para balizarmos a situação.

O príncipe pequenino igualmente nos traz uma espécie de reconexão com a criatividade e imaginação, habilidades, em geral esquecidas, mas importantes no encontro da motivação para dissolução do conflito. A leitura fácil do livro nos faz querer apreciar os prazeres simples da vida, nos incentivando a sermos menos sérios e dar tempo a si, como uma chave para viver o momento presente com coragem para sair da nossa zona de conforto e explorar novos caminhos.

"O essencial é invisível ao olhos", a inteligência intuitiva nos ajuda a descobrir o que realmente importa e, se estamos diante de alguém ou alguma coisa que nos preocupamos, o indicado é que alinhemos nossa mente para sermos receptivos ao conflito, que inevitavelmente irá surgir.




Obras de 1513 e 1943, que falam sobre príncipes, uma para adultos e indicada para qualquer líder, outra precipuamente para criança e indicada para qualquer pessoa. Livros que aparentemente não se interligam, mas que no contexto da concepção do conflito tiramos muitos ensinamentos.

Administrar conflitos é para líderes, para governados, para a criança, que tem os pequenos impasses compatíveis com a idade, para o casal, para os vizinhos, para o empreendedor, que necessita gerir sua equipe, para os diversos setores de uma empresa, que trabalha na gestão de projetos juntamente com outro departamento.

É para você!