Nos momentos de incertezas, as pessoas tendem a acreditar no
que convém, não necessariamente na verdade. Aparências são poderosas.
E a verdade é que as pessoas em algum ponto se questionam de
que maneira podem ser realmente livres e felizes, protagonistas de suas vidas e
por que não líderes em determinados aspectos.
O clássico livro "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel,
continua tão atual quanto à época em que foi escrito. Os insights de um livro
escrito em 1513 estão atualizados ainda hoje, porque a existência de conflitos
sempre se fez presente em qualquer tempo e relação, inclusive entre o Estado e
seus súditos.
Além do conhecido "os fins justificam os meios", o
livro traz uma reflexão das dificuldades do príncipe com suas tropas, enfatizando
a importância da guerra para o desenvolvimento do espírito, que une o cidadão e
o Estado, tornando-os fortes. Nos ensina também que o governante precisa ter
versatilidade no modo de ser e pensar, a fim de que se adapte às circunstâncias
e como deve agir para obter maior confiança e estima de seus governados.
O pensador destaca que, mesmo em uma conjuntura de incitar o brilho do poder ao príncipe, há a
preocupação com o outro para se tornar o melhor líder possível. E nos dias
atuais, como em qualquer período, precisamos de líderes que estejam preocupados
com o outro e não somente com que tipo de vantagens irão obter ou que
participem de momentos históricos somente "pelos seus filhos, filhas e
esposo(a)s.."
Dentre tantos ensinamentos, em que só destacamos alguns, o
livro nos doutrina a não fazermos coisas pela metade. E como podemos aplicar
isso ao mundo dos conflitos?
Uma vez que o conflito se instaura, precisamos estar atentos
para percebê-lo, após, encará-lo e finalizá-lo, não deixando o problema pela
metade, inacabado. Assim, quando o assunto é resolução de conflito, os fins só
podem justificar os meios se ambos estiverem comprometidos com o bem-estar da
relação.
Na instabilidade do nosso universo, em que somos tomados de
informações por todos os lados e devemos lidar com todo tipo de situação o
tempo todo, além de parar e refletir sobre nossos conflitos, precisamos zerar o
embate que foi estabelecido e cooperar pelo empate, onde se terá o almejado
ganha-ganha.
E por que temos que ganhar sozinhos? Será que a medida da corrupção
dos "príncipes da democracia" é maior do que corromper a nossa
própria relação com quem quer que seja?
A compreensão do método de ganhos mútuos é lógica, pois é a
opção que realmente satisfaz os sujeitos do conflito sem necessariamente fazer
concessões, que prepara nosso pensamento para a cooperação e a colaboração,
identificando interesses compartilhados e harmonizando os discrepantes, cientes
das preferências de cada um, diferentemente do modelo judicial que o Estado nos
propicia, onde um terceiro (o juiz) detém o poder de definir um caminho para
o conflito sem necessariamente dissipá-lo.
Desse modo, continuando a abordagem sobre príncipes, por que não
falar de uma das obras literárias mais traduzida do mundo, "O Pequeno
Príncipe", de Antoine de Saint-Exupér e seu desenho da jiboia que não foi interpretado devidamente por adultos, que achavam se tratar
de um chapéu.
Diante do conflito, isso também
ocorre. Na maioria das vezes não nos colocamos no lugar do outro, muito menos
enxergamos a situação com os olhos do outro, o que nos impede de considerar sua
opinião para balizarmos a situação.
O príncipe pequenino igualmente nos
traz uma espécie de reconexão com a criatividade e imaginação, habilidades, em
geral esquecidas, mas importantes no encontro da motivação para dissolução do
conflito. A leitura fácil do livro nos faz querer apreciar os prazeres simples
da vida, nos incentivando a sermos menos sérios e dar tempo a si, como uma chave
para viver o momento presente com coragem para sair da nossa zona de conforto e
explorar novos caminhos.
"O essencial é invisível ao
olhos", a inteligência intuitiva nos ajuda a descobrir o que realmente
importa e, se estamos diante de alguém ou alguma coisa que nos preocupamos, o
indicado é que alinhemos nossa mente para sermos receptivos ao conflito, que
inevitavelmente irá surgir.
Obras de 1513 e 1943, que falam sobre
príncipes, uma para adultos e indicada para qualquer líder, outra precipuamente
para criança e indicada para qualquer pessoa. Livros que aparentemente não se
interligam, mas que no contexto da concepção do conflito tiramos muitos
ensinamentos.
Administrar conflitos é para líderes,
para governados, para a criança, que tem os pequenos impasses compatíveis com a
idade, para o casal, para os vizinhos, para o empreendedor, que necessita gerir
sua equipe, para os diversos setores de uma empresa, que trabalha na gestão de
projetos juntamente com outro departamento.
É para você!