O dicionário define "conflito" como altercação,
desordem, pendência, choque, embate, luta, oposição, disputa.
Diante de uma situação conflituosa, nosso corpo libera
adrenalina como mecanismo de defesa, no que as pessoas ficam propensas a agir
sem refletir. E, mesmo sabendo que não são as atitudes mais eficientes, tendem
a julgar o outro, atribuir culpa, responsabilizar, analisar personalidade, ou
seja, polarizar a relação, enxergando apenas dois lados, um preto e um branco,
como se não existisse o cinza, aquele ponto de equilíbrio.
Mas e se mudarmos a perspectiva para uma prosa narrativa, por
exemplo?
Então você aprende a lidar com o conflito literário, e é
justamente ele que irá manter o interesse do leitor na história. O conflito
vira uma interrupção, na qual o protagonista busca seus sonhos através de um
dilema ou desafio que dificulte sua trajetória, o que causa um liame de conexão
com o leitor, que no seu dia a dia experimenta sensações similares.
E são essas experiências vivenciadas que nos permitem afirmar
que os conflitos fazem parte do nosso cotidiano. Seja como for, ao
relacionar-se, os conflitos surgem uma hora ou outra.
Temer o conflito e não trabalhar as habilidades de
comunicação é um passo para torná-lo maléfico, podendo ocorrer o que chamamos
de espirais de conflitos, que é quando o conflito tem um crescimento
progressivo acentuado, onde há sucessivas reações de ambos os conflitantes,
chegando em um ponto que a ação geradora do conflito torna-se secundária.
Como o próprio nome nos remete, é um espiral, linha curva que
vai dando voltas sem se fechar, em que repetidamente tem-se ações e reações. A
parte gasta mais energia em responder e reagir com agressividade a ação que a
antecedeu, percorrendo um caminho em espiral, ao invés de dissipar o conflito
em si.
A chamada Moderna Teoria do Conflito consiste na alteração da
forma de se perceber o conflito, onde a partir do momento que nos
conscientizamos ser este um evento natural da vida, conseguimos enxergá-lo de
maneira positiva.
Sobre as habilidades necessárias para se resolver um conflito
de forma construtiva, Morton Deutsch, psicólogo, pesquisador de conflitos e
escritor de diversos livros sobre o tema nos ensina que
"There are four basic conflict resolution
skill sets, useful to both participants in conflict and third parties. First
are skills for establishing an effective, open, trusting working relationship
between the parties, and any involved third parties. Second are skills for
establishing a cooperative problem-solving approach to the conflict. Third are
skills for developing effective group processes and decision-making processes.
Fourth is substantive knowledge of the relevant issues."
Em tradução
livre:
"Há quatro conjuntos básicos de habilidades de resolução
de conflitos úteis para ambos os participantes em situações de conflito e de
terceiros. Primeiro são as habilidades para estabelecer uma relação de confiança
eficaz, aberta entre as partes e quaisquer terceiros envolvidos. Em segundo
lugar estão as habilidades para estabelecer uma abordagem de resolução de
problemas cooperativa para o conflito. Em terceiro lugar estão as competências
para o desenvolvimento de processos de grupo eficazes e processos de tomada de
decisão. A quarta é o conhecimento substantivo das questões relevantes."
Nesse sentido, denota-se que precipuamente faz-se necessário
que o vínculo (pré)estabelecido entre os conflitantes seja (re)estabelecido
para que se crie ambiente agradável, passível de uma conversa aberta e franca.
As partes precisam confiar que são capazes de deslindar seus próprios conflitos
e que, ouvindo e absorvendo o que o outro estar a expor vai ajudar a
compreender os motivos que geraram o conflito específico e que ninguém
encontrará melhor solução para seus problemas do que elas mesmas.
Quem sabe verdadeiramente o que você sente, senão você mesmo?
O processo de resolução do problema e de tomada de decisão
requer um procedimento de exposição do nosso emocional que, após ser
compreendido pelas partes envolvidas, é racionalizado na busca de critérios
para resolvê-los. Uma vez que subjetivamente os interesses vão sendo expostos,
o liame com o problema é criado e ao se sentir parte do conflito pode gerar o
que chamamos de "brainstorm",
uma tempestade de ideias que objetivamente podem solucionar o conflito.
A partir daí, as questões mais relevantes são pontuadas para
que se consiga fechar aquele conflito que estava em aberto.
Ao contrário do que possa parecer, o conflito tem sim funções
positivas. Ele estimula um fortalecimento da relação com a aproximação e a
compreensão das partes, gera amadurecimento, cria sensação de fortalecimento,
evita uma estagnação da relação, incentiva o interesse no outro e a curiosidade,
podendo ser visto como uma semente para mudanças pessoais e sociais.
Pessoas flexíveis se beneficiam do conflito. E você, qual
caminho vai escolher?
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